quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sensacionalismos à parte...

… Mesmo que o senhor tivesse morrido por causa da Gripe A, seria acontecimento para ser avidamente explorado pela Comunicação Social?

Sim, já se sabe que se aproxima uma pandemia… Sim, já se sabe que temos de nos prevenir… Sim, já se sabe que provavelmente metade do país (e devo estar a fazer as contas por baixo) irá à cama à conta do surto desta gripe (e da outra que entretanto não vai tirar férias só por causa da concorrência)… Já se sabe que nestas situações todo o cuidado é pouco e… meus amigos… não é novidade nenhuma… por mais insensível que isto possa parecer… irá sempre haver pessoas que não irão sobreviver.

Contudo, é preciso que se saiba também que se morre muito menos por causa da Gripe A do que por causa da gripe “normal” e que as mortes que eventualmente irão acontecer, além de não serem tantas como a Comunicação Social quase está desejosa que sejam, não vão ocorrrer só porque se apanhou o vírus! Depende muito mais do sistema imunitário dos contaminados do que do vírus propriamente dito!

Mesmo quem já estiver fragilizado por outra doença qualquer prévia ao contágio da Gripe A terá menos hipóteses mas não está – à partida e desde já - condenado!

Não percebo que jornalismo é este que vive à conta do sensacionalismo, explora dramas e exagera situações que não estão nem de perto nem de longe de atingirem as proporções noticiadas. Quase que dá a impressão que estavam de caneta em riste, dedinhos mortinhos que morresse a primeira pessoa com Gripe A para poderem publicar a notícia em letras garrafais, quase em tom de euforia por finalmente ter morrido o primeiro.

Para quem procurou saber os factos como eles realmente são, o senhor que morreu tinha uma infecção bacteriana disseminada, que teve origem abdominal e tinha feito um transplante renal há 15 anos. Tinha estado recentemente internado devido a uma peritonite e veio passar férias a Portugal depois de ter tido alta num hospital francês. Com ou sem Gripe A, provavelmente o destino do senhor seria o mesmo.

Precisamos de um tratamento jornalístico que sirva a sua função: informar, esclarecer… não a vender jornais à conta de alarmismos e falsas notícias.

Claro está… tão culpado é quem publica como quem lê. O negócio não existe sem haver comprador. Mas de determinadas publicações (que não o Correio da Manhã, o Sol e o 24 Horas), espero outra isenção e outro rigor.

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