Pouca importância tenho dado à celeuma que se tem gerado à volta da pretensão de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Faz-me alguma confusão – admito – que se possa gostar de outra pessoa do mesmo sexo que nós. Mas… lá porque eu não gosto… não quer dizer que outros não gostem ou… pior ainda… não lhes permitam esse direito! Se não afecta em nada o meu dia-a-dia, não me prejudica, não me lesa … porque é que me hei-de importar com o casamento gay???
Preocupo-me sim com o dinheiro da segurança social mal empregue… com o enriquecimento dos bancos à nossa custa… com os professores que se recusam a ser avaliados… com o aumento da criminalidade…
Agora com o casamento gay???
Vivam e deixem viver! Lá porque não se concorda não podemos impor aos outros os nossos gostos, a nossa mentalidade. Há que aceitar a diferença, não impormos os nossos códigos morais a quem nos rodeia (até porque quem muito os apregoa por vezes até é quem mais falha). Não estamos a falar de pessoas que matam, que roubam, que violam… Estamos a falar de pessoas que simplesmente (embora reconheça que não é assim tão simples), mas vá… “simplesmente” escolheram casar com alguém do mesmo sexo. Ao contrário do que parece, não é crime nenhum.
É estranho e contranatura? Há quem diga que sim.
É escandaloso? Talvez.
Estamos preparados para essa mudança de mentalidades? Provavelmente não.
Esta lei – a existir – passa a funcionar exactamente como a lei do aborto. Não obriga ninguém a fazer o quer que seja, mas permite a possibilidade a quem quiser optar por ela. Que direito temos nós de limitar os direitos dos outros?
O que me revolta é - agora que se este tema dito fracturante vem a baila - verificar que uma das desculpas que se ouvem por aí é que há coisas bem mais importantes para o Governo se preocupar: educação, saúde, justiça, segurança social.
E a verdade é que sim, que há!
Porém, há tempo e espaço para tudo e discutir um assunto não invalida que não se discutam os outros todos. Dá perfeitamente para falar de todos. Não é uma questão de tempo, é uma questão de vontade… política e não só. Parece-me é que a maior parte das pessoas não quer discutir especificamente esse assunto, muito provavelmente por não concordar com ele.
E se não tivéssemos todas as outras prioridades? Alguma desculpa alternativa haveriam de arranjar…
Dizem também que “só” 800 e tal pessoas é que sairão a beneficiar com a esta lei. (Creio que até serão mais, já que nem todos se assumem). E depois? Não são 800 cidadãos como nós? Agora as minorias (neste caso este não será exactamente o termo correcto), não têm o direito a ser contempladas na sua especificidade?
O casamento entre gays (e lésbicas, já agora), faz-me alguma confusão mas passa-me ao lado, porque na prática, no dia-a-dia, não prejudica ninguém e até permite a felicidade de alguns. E por isso… não me incomoda que este assunto esteja a ser discutido.
Incomoda-me, sim, é que ao mesmo tempo (e não em vez de…), não se discutam com a mesma veemência outros temas que, não sendo fracturantes ou não atentem contra a moralidade de ninguém, permitiriam a felicidade de todos.
Acho que em um país como este certamente existem coisas muito mais importantes para se debater e resolver, não que o casamento gay não seja importante, mais pelo menos para nós não é, e também não irá melhorar o futuro das famílias desempregadas deste país, dos velhotes sozinhos e doentes, o que se passa com os políticos do mundo?
ResponderExcluirAdoro o que escreves Aninha, talentosa.Bjks
Não digo que tudo o resto não deva ser discutido... com mais urgência até! Acho é que o facto de se discutir um tema não invalida que, em simultâneo, se possam discutir outros. Lá tempo aos nossos políticos não falta...
ResponderExcluirNão sou talentosa, lol. Tu é que és generosa com os teus elogios.
Bjinho Grande!