sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cada vez menos me reencontro...

Sempre tive grande facilidade em descrever sentimentos. Maus, bons, alegres, tristes, de concordância ou revolta… mas muito rara foi a vez, nos blogs que tive e tenho, que não consegui transmitir exactamente o que sentia.

Neste blog, ao qual qualquer um consegue aceder, há sempre assuntos sobre os quais nunca poderei desabafar. Outros servirão o seu propósito… mas mesmo nesses… reparo que a relutância em transcrever o que me queima a alma é cada vez maior. Mesmo abrindo uma  folha Word no PC ou pegando em papel e caneta… Tanta coisa que me transborda na alma e simplesmente não sai.

Perante uma folha em branco sinto-me fria, e eu não era assim. Chorava, ria, amava, brincava, dedicava testamentos a amigos, tudo em forma de palavras que me brotavam directamente do coração. Hoje ainda o faço… meia-dúzia de palavras bonitas, igualmente sinceras, dedicadas em ocasiões especiais, mas não com a força do antigamente.

Continuo capaz de gestos carinhosos, palavras honestas e sentimentos genuínos de amizade e partilha… mas não com a espontaneidade e intensidade que sempre me foram características.

“Linda”, “fofinho”, “amiguinho”, “sonhos lindos como tu”, são palavras / expressões cada vez mais raras no meu léxico diário. Tirando raríssimas excepções, perante todas as outras pessoas parece que me custam a sair…. e eu não gosto menos delas do que gostava, para sentir hoje uma dificuldade que nunca antes tive.

Sinto falta dos abraços generosos, das mãos apertadas por breves instantes num código secreto de carinho, dos sorrisos simples de boas-vindas que conseguia dar só porque sim, das pequenas surpresas e mimos preparadas para os amigos só para os ver sorrir porque essa sim… essa é a minha maneira de ser, é essa espontaneidade simples que me faz sentir feliz.

Hoje dou por mim (algumas vezes, não sempre), a pensar duas vezes antes de fazer um gesto bonito… até mesmo com pessoas com quem sempre os tive. Não porque goste menos delas… não porque não haja outras também que mereçam que eu seja assim… mas… acontece.

E pergunto-me… desde quando sou pessoa para conter um abraço? Para não enviar uma mensagem a dizer “adoro-te” sem que uma data qualquer especial a isso obrigue? Não oferecer uma flor a uma amiga só porque me lembrei? Ou desenhar umas bonecadas bem dispostas num pedacinho de papel e entregar ao colega ao lado só para trazer algo um pouquinho inesperado à sua rotina?

Gosto de ser carinhosa, mas sinto que cada dia que passa sou cada vez menos. E não quero! Não quero tornar-me impermeável aos sentimentos bons que sempre habitaram em mim.

Mas às vezes sinto… e cada vez com mais frequência… que a pouco e pouco eles estão a morrer dentro de mim. Não sou bonita por fora mas é o tornar-me feia por dentro que me preocupa.

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