quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Então para que é que perguntas???

Saída do trabalho, mais ou menos a meio da viagem de regresso a casa pus os aparelhos (ainda não os suporto muito bem no metro) e, como tal, apercebia-me das conversas à minha volta.
Atrás de mim – no autocarro – sentaram-se duas raparigas que, pelos vistos, já não se viam há algum tempo. Percebi que uma delas estava a contar as novidades. Falava, falava… e a outra participava na conversa… ouvindo, dialogando… mas não contava nada dela própria.

Passado algum tempo, a rapariga que não parava de falar lá se deve ter apercebido que a outra ainda nada tinha dito que não fosse a continuação da conversa dela mesma e perguntou-lhe:

- Então e olha lá… novidades?
- Olha, eu tou a tirar a carta… Quero ver se a despacho antes de começarem as frequências, senão é tudo junto…
- Ai, eu com as frequências preocupo-me na altura… Para já, até ao Natal nem vou pensar nisso. Vou às aulas (blá blá….) E a tua mãe? Está boa?
- Pois… uns dias melhor outros dias pior. Às vezes olho para ela e vejo-a com tão má cara que fico preocupada. Pode ser só cansaço…
- Ah! Por falar em má cara… Tu sabes quem é que encontrei no outro dia?

Bom… deu-me uma vontade tão grande de me virar para trás e dizer “Mas para que raio é que perguntas se nem estás interessada em ouvir???”

Limitei-me a tirar os aparelhos e desliguei dali. Mergulhei nos meus pensamentos e lembrei-me que uma vez isso também já me aconteceu. Numa saída à noite com amigas minhas, em que ainda estivemos umas horas a conversar, várias vezes me fizeram algumas perguntas e precisamente quando eu começava a desabafar, cortavam-me a palavra.

(Um parentêsis: quem já convive comigo há uns anos sabe que, em conversas de grupo, normalmente ouço muito mais do que falo. Primeiro, porque não gosto de falar sobre mim… depois porque ou estou concentrada a ouvir ou concentrada a falar sobre o que me vai na alma e corta-me um pouco o raciocinio só o facto de pensar que tenho de estar atenta à possibilidade de entretanto alguém fazer-me alguma pergunta e eu não ouvir).

Mas bom… naquele dia eu estava a precisar de desabafar! Era uma conversa de mulheres, amigas de faculdade que já se conhecem há anos e na altura pensei “Elas já me conhecem há tantos anos, porque não desabafar com elas?”… Mas nunca, por uma só vez, foram capazes de me ouvir, do princípio ao fim, sem me interromper uma vez que fosse. E depois ainda me diziam “Ah, estás muito caladinha…”… Pudera! Faziam-me as perguntas e nem me deixavam responder! Como é que queriam que eu falasse?

Nessa noite cheguei tardíssimo a casa e no dia a seguir fui trabalhar. Não me arrependi de as ter ouvido durante aquelas horas todas, mas aprendi uma lição: uma pessoa que não é capaz de nos perguntar se está tudo bem e ficar para ouvir a resposta nunca será uma pessoa com quem se possa conversar. Foi a primeira e última vez que isso me aconteceu.

Outra lição que não aprendi, já sabia... mas confirmei: não interessa há quanto tempo se conhecem as pessoas. Normalmente preciso de anos (não estou a exagerar) para ganhar plena confiança em alguém mas.. curiosamente, algumas das pessoas com quem me sinto à vontade para desabafar (algumas sabem mesmo tudo o que há para saber de mim.. pelo menos dentro daquilo que eu própria também sei… lol) são amigos mais recentes… No entanto, tenho a certeza que se aperceberem, nas raras vezes em que sinto essa necessidade, que eu preciso de desabafar, sentam-se e ouvem-me com atenção. Sem penas, sem pressas, sem bocejos pelo meio, dialogando comigo mostrando que estão atentos e que dão importância ao que estou a dizer e a sentir.

Fiquei triste pela  rapariga que ia atrás de mim no autocarro, a aturar um diálogo que na verdade era um monólogo. Mas acho que devia ter era pena da rapariga que não a deixava falar. Não compreendo como não se apercebem do que fazem. Ou então apercebem-se... mas não querem saber.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cada vez menos me reencontro...

Sempre tive grande facilidade em descrever sentimentos. Maus, bons, alegres, tristes, de concordância ou revolta… mas muito rara foi a vez, nos blogs que tive e tenho, que não consegui transmitir exactamente o que sentia.

Neste blog, ao qual qualquer um consegue aceder, há sempre assuntos sobre os quais nunca poderei desabafar. Outros servirão o seu propósito… mas mesmo nesses… reparo que a relutância em transcrever o que me queima a alma é cada vez maior. Mesmo abrindo uma  folha Word no PC ou pegando em papel e caneta… Tanta coisa que me transborda na alma e simplesmente não sai.

Perante uma folha em branco sinto-me fria, e eu não era assim. Chorava, ria, amava, brincava, dedicava testamentos a amigos, tudo em forma de palavras que me brotavam directamente do coração. Hoje ainda o faço… meia-dúzia de palavras bonitas, igualmente sinceras, dedicadas em ocasiões especiais, mas não com a força do antigamente.

Continuo capaz de gestos carinhosos, palavras honestas e sentimentos genuínos de amizade e partilha… mas não com a espontaneidade e intensidade que sempre me foram características.

“Linda”, “fofinho”, “amiguinho”, “sonhos lindos como tu”, são palavras / expressões cada vez mais raras no meu léxico diário. Tirando raríssimas excepções, perante todas as outras pessoas parece que me custam a sair…. e eu não gosto menos delas do que gostava, para sentir hoje uma dificuldade que nunca antes tive.

Sinto falta dos abraços generosos, das mãos apertadas por breves instantes num código secreto de carinho, dos sorrisos simples de boas-vindas que conseguia dar só porque sim, das pequenas surpresas e mimos preparadas para os amigos só para os ver sorrir porque essa sim… essa é a minha maneira de ser, é essa espontaneidade simples que me faz sentir feliz.

Hoje dou por mim (algumas vezes, não sempre), a pensar duas vezes antes de fazer um gesto bonito… até mesmo com pessoas com quem sempre os tive. Não porque goste menos delas… não porque não haja outras também que mereçam que eu seja assim… mas… acontece.

E pergunto-me… desde quando sou pessoa para conter um abraço? Para não enviar uma mensagem a dizer “adoro-te” sem que uma data qualquer especial a isso obrigue? Não oferecer uma flor a uma amiga só porque me lembrei? Ou desenhar umas bonecadas bem dispostas num pedacinho de papel e entregar ao colega ao lado só para trazer algo um pouquinho inesperado à sua rotina?

Gosto de ser carinhosa, mas sinto que cada dia que passa sou cada vez menos. E não quero! Não quero tornar-me impermeável aos sentimentos bons que sempre habitaram em mim.

Mas às vezes sinto… e cada vez com mais frequência… que a pouco e pouco eles estão a morrer dentro de mim. Não sou bonita por fora mas é o tornar-me feia por dentro que me preocupa.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Tenho-me perguntado...

Como é que alguém como tu pode ser tão mal-amado?

Questiono-me e não encontro uma resposta que só tu podes ter ou pelo menos não sou eu quem a pode dar…

Não gosto de te ver, de te sentir assim… e custa-me nada poder fazer para te ajudar.

Resta-me desejar, do fundo do meu coração, que um dia encontres no teu a paz que mereces.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Help me... pleeeeeease...


Já fiquei neste estado ao procurar a documentação de apoio para a CPCJ… Prevejo que para a Câmara Municipal de Oeiras só não aconteça o mesmo se não conseguir encontrar metade do que eles pedem.
É que pelos vistos não sou a única com dificuldades em aceder à bibliografia que pedem!
Bem… respirar fundo e nunca parar de procurar. Às tantas hei-de encontrar!
E sim… descansem… o que conseguir encontrar (que espero que seja TUDO) irá bem mais organizado do que a foto promete:) Lol.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Casamento Gay... e então?

Pouca importância tenho dado à celeuma que se tem gerado à volta da pretensão de legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Faz-me alguma confusão – admito – que se possa gostar de outra pessoa do mesmo sexo que nós. Mas… lá porque eu não gosto… não quer dizer que outros não gostem ou… pior ainda… não lhes permitam esse direito! Se não afecta em nada o meu dia-a-dia, não me prejudica, não me lesa … porque é que me hei-de importar com o casamento gay???

Preocupo-me sim com o dinheiro da segurança social mal empregue… com o enriquecimento dos bancos à nossa custa… com os professores que se recusam a ser avaliados… com o aumento da criminalidade…  

Agora com o casamento gay???

Vivam e deixem viver! Lá porque não se concorda não podemos impor aos outros os nossos gostos, a nossa mentalidade. Há que aceitar a diferença, não impormos os nossos códigos morais a quem nos rodeia (até porque quem muito os apregoa por vezes até é quem mais falha). Não estamos a falar de pessoas que matam, que roubam, que violam… Estamos a falar de pessoas que simplesmente (embora reconheça que não é assim tão simples), mas vá… “simplesmente” escolheram casar com alguém do mesmo sexo. Ao contrário do que parece, não é crime nenhum.

É estranho e contranatura? Há quem diga que sim.

É escandaloso? Talvez.

Estamos preparados para essa mudança de mentalidades? Provavelmente não.

Esta lei – a existir – passa a funcionar exactamente como a lei do aborto. Não obriga ninguém a fazer o quer que seja, mas permite a possibilidade a quem quiser optar por ela. Que direito temos nós de limitar os direitos dos outros?

O que me revolta é - agora que se este tema dito fracturante vem a baila - verificar que uma das desculpas que se ouvem por aí é que há coisas bem mais importantes para o Governo se preocupar: educação, saúde, justiça, segurança social.

E a verdade é que sim, que há!

Porém, há tempo e espaço para tudo e discutir um assunto não invalida que não se discutam os outros todos. Dá perfeitamente para falar de todos. Não é uma questão de tempo, é uma questão de vontade… política e não só. Parece-me é que a maior parte das pessoas não quer discutir especificamente esse assunto, muito provavelmente por não concordar com ele.

E se não tivéssemos todas as outras prioridades? Alguma desculpa alternativa haveriam de arranjar…

Dizem também que “só” 800 e tal pessoas é que sairão a beneficiar com a esta lei. (Creio que até serão mais, já que nem todos se assumem). E depois? Não são 800 cidadãos como nós? Agora as minorias  (neste caso este não será exactamente o termo correcto), não têm o direito a ser contempladas na sua especificidade?

O casamento entre gays (e lésbicas, já agora), faz-me alguma confusão mas passa-me ao lado, porque na prática, no dia-a-dia, não prejudica ninguém e até permite a felicidade de alguns. E por isso… não me incomoda que este assunto esteja a ser discutido.

Incomoda-me, sim, é que ao mesmo tempo (e não em vez de…), não se discutam com a mesma veemência outros temas que, não sendo fracturantes ou não atentem contra a moralidade de ninguém, permitiriam a felicidade de todos.