terça-feira, 6 de outubro de 2009

O que mais custa é começar...

E não saber como vai correr ou terminar.

Tudo acontece por alguma razão, e geralmente só acontece quando estamos preparados para receber a mudança.

Por mais que me queixe do ambiente e do trabalho que tenho agora (nada a ver com Serviço Social), tenho de reconhecer que se hoje sei o que NÃO se deve fazer como profissional, muito o devo ao sítio onde estou. E se, apesar disso e mesmo assim, consegui evoluir positivamente (a pessoa que lá entrou há seis anos atrás não tem nada a ver com a profissional que está lá agora), então é porque, mesmo com maus professores e péssimos incentivos, tenho algo de bom dentro de mim que (em princípio) me tornará boa profissional em qualquer lado.

Não se trata apenas de conhecimentos técnicos… que são essenciais e obviamente imprescindíveis em qualquer função. Trata-se igualmente (ou talvez sobretudo) da postura no trabalho: o rigor, a pontualidade (pois, aqui falho um bocadinho.. lol), a preserverança, a persistência, a frontalidade, a honestidade profissional, o brio com que se trabalha, o saber estar e colaborar em equipa, a lealdade que se tem para com os colegas (sobretudo quando somos todos prejudicados pelos mesmos)… a resiliência.

E o que é a resiliência? É a nossa resistência emocional. Aquela que nos obriga a continuar quando queremos desistir, que não permite que quebremos os nossos valores, que nos mantém unidos em equipa, por mais que envidem esforços para a dividir. Que nos mantém de pé, em vez de nos deixar soçobrar.

Tudo isto… todas estas lições aprendi-as no sítio onde estou agora. Hoje tenho uma maturidade profissional que não tinha há uns anos atrás… e se calhar ainda bem que a ganhei assim, em vez de ter feito primeiro algumas asneiras como assistente social. Estou muito mais consciente e preparada agora do que estava quando acabei o curso e, embora acredite que isso acontece com 99,9% das pessoas (ninguém nasce ensinado e a faculdade nunca ensina tudo)… a verdade é que sempre senti que ainda era demasiado criança para assumir verdadeiras funções de responsabilidade.

Ainda hoje tenho medo delas, aliás… mas já as encaro de uma outra forma. Porque agora sei que começa a chegar a altura de as ter. Não que já não as tivesse e não as cumprisse… nada disso… simplesmente sinto-me mais apta para voos paulatinamente mais altos. É uma vontade que cresce à medida que eu cresço também.

Todas as profissões exigem responsabilidade, sim. No entanto, umas mais do que outras, e ser assistente social não é bem a mesma coisa do que cobrar prestações em atraso. Um erro como assistente social pode custar, em casos extremos, uma vida (quando se permite, por exemplo, que uma criança permaneça num lar onde é maltratada). Um erro a cobrar uma prestação, por mais grave que seja, nunca conseguirá ser tão grave assim.

Quem me conhece, sabe que tenho medo de muita coisa e que vou crescendo muito devagarinho… Às vezes parece que estou a ir bem e depois tropeço, caio, erro, desisto ou suspendo a luta.

Mas vou crescendo sempre… e também me vou convencendo que não interessa ter tudo hoje, no imediato. Interessa que, no fim, se alcance o que nos propusemos conseguir. Podemos demorar mais tempo (dias, meses, anos) do que todos os outros… mas se chegarmos ao destino que queríamos é porque, por alguma razão, tinhamos de demorar mais tempo a consegui-lo.

Sei bem o que quero, a todos os níveis da minha vida. E acredito que, mais tarde ou mais cedo, irei ter. Se não tiver é porque assim tinha de ser.

Para já - pedrinha a pedrinha – vou construindo o meu caminho. Nem sempre vou para o destino que quero, mas nunca fui daquelas pessoas que apanha a auto-estrada para ir directamente de Lisboa ao Porto. Sou mais do género daquelas que vira para o Algarve, vem pelo Alentejo acima, continua pela Beira Interior, faz uns zappings e quando chega a Aveiro desvia completamente para Trás-os-Montes. E se calhar quando já toda a gente está à espera que eu vá parar a Espanha, vou direitinha até ao Porto sem me perder:)


Quem disse que a vida tem de ser completamente linear?

E quem disse que os que arriscam muito pouco e aos bocadinhos, se persistirem nessas pequenas vitórias… não chegam aos mesmos lados de todos os outros? E com o mesmo sabor de vitória?

Um comentário:

  1. Tens toda razão amiga, tenho um amigo que me dizia sempre que todos em uma corrida desejam chegar em primeiro lugar, alguns conseguem, outros não, mais o importante é valorizar cada passo, apreciar a paisagem, porque cada um tem o seu tempo de chegar lá...estou sentindo a tua falta, já nem te vejo.Bjks

    ResponderExcluir