Daqui a pouco mais de uma semana chega o Natal. O tempo passa depressa e mal se nota… Por mim, que sou um pouco radical nesse aspecto, o Natal vale o que vale e por isso bem podia passar directamente de 23 para 26 de Dezembro que não me aborrecia rigorosamente nada.
Não é que não goste do Natal. Hoje em dia (porque tive Natais que não foram assim), aprecio sobretudo a paz, o sossego e a refeição passada em família, no quentinho do lar e com a minha gatinha ao colo. É quanto me basta para ter uma consoada não perfeita, mas próxima de um momento feliz.
O que me aborrece de morte e muitas vezes deixa-me verdadeiramente mal disposta é a obrigação que se instituiu de oferecer prendas a toda a gente. Gosto de dar prendas e de as receber, claro! Adoro que se lembrem de mim e me ofereçam um pequeno mimo de vez em quando. Mas sei – e isso para mim é que é importante – que o valor da prenda muitas vezes não está no que se dá mas em quem a oferta.
Este ano, no meu aniversário, um grupo de amigos chegados ofereceu-me uma moldura digital. A prenda em si é bonita e desconfio que não foi propriamente barata, mas o que lhe deu verdadeiramente valor foram as fotografias que lá colocaram e o facto de todos juntos revivermos alguns dos muito bons momentos que já tivemos todos juntos e que aquelas fotografias nos fizeram recordar. Mas se nada me tivessem dado… qual seria o problema? Não deixavam de ser meus amigos por causa disso e o que me faz realmente falta é a amizade deles.
Sempre que chego ao Natal, todos os anos interrogo-me todos os sobre o mesmo: deixa de ser Natal se não houver prendas? Compreendo que para as crianças, sim… Natal sem prendas para elas não tem grande piada. Mas então ofereça-se às crianças… Aos adultos (que supostamente já passaram essa fase e até já têm experiência de vida suficiente para saber que as prendas que toda a gente gostaria de ter infelizmente não se compram) limitem-se a apreciar a alegria das crianças com as prendas que lhes ofereceram e a pacatez da refeição em família.
E não… não me venham dizer que é por ser uma altura especial e por gostarmos de presentear pessoas que nos são queridas… porque a maior parte das vezes só se dá prendas quando o calendário manda. E, curiosamente, as melhores prendas acabam por ser de pessoas que não esperávamos e muitas vezes nem são prendas (como elas mesmas dizem), mas lembranças (que valem ouro e nos fazem sentir realmente bem). São aquelas prendas que se percebem que foram dadas porque realmente gostam de nós e não por obrigação.
Este ano comprei casa e como o dinheiro não chega para tudo, foi obrigatório estabelecer prioridades. Como tal, avisei que desta vez não há prendas para ninguém e não me sinto minimamente infeliz com isso. Pelo contrário, até estou aliviada. Prefiro mil vezes presentear exactamente as mesmas pessoas noutra altura do ano, totalmente fora do convencional, só porque sim. Porque gosto delas. Porque merecem.
E já que se fala de Natal, ainda nem as decorações natalícias pus cá em casa. E nem isso punha, não fosse o facto de os pais de parte a parte darem valor a essa tradição. Esta febre natalícia passa-me completamente ao lado e a única prenda de Natal que se vai dar na noite de consoada é precisamente a ceia de Natal aos nossos pais, que já tantas ceias de Natal prepararam para nós.
Vai ser um Natal perfeito? Não, claro que não! Falta-me tanto para ser o Natal dos meus sonhos. Mas pelo menos é um Natal onde não nos perdemos na contemplação do que é fútil e não enriquece ninguém.
Quero mesmo é que cheguem os saldos, a 26 de Dezembro. Lol. Futilidade ou não, há coisas que preciso mesmo de comprar e onde não vou gastar dinheiro agora podendo comprá-las a metade do preço pouco tempo depois. E com a poupança que se faz guardar o dinheiro para miminhos dados a pessoas especiais, oferecidos fora do contexto das ocasiões obrigatórias. E os verdadeiros mimos muitas vezes nem sequer custam dinheiro dinheiro nenhum...