quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Como mudar?

Estou a ponderar começar a ir pessoalmente às instituições apresentar propostas de intervenção, projectos específicos para aquela IPSS. Basicamente, vou pedir emprego mas com algumas propostas já em carteira, para não ser pedinchar…

É uma abordagem diferente, muito diferente da que tenho tido até agora. Uma coisa é enviar cv’s pelo correio… outra coisa é ir bater directamente à porta das instituições e tentar falar com o director ou o coordenador da mesma.  É uma postura mais pró-activa, que desconfio que me vá trazer alguns dissabores… Acho que nunca usei com tanta propriedade uma expressão que desconfio que irei usar com regularidade: “bater com o nariz na porta”.

Para quem é da área (e mesmo para quem não é!), já sabe que esta mudança no método de procura de emprego implica muito mais investigação e preparação do que simplesmente ir aos correios e enviar 100 cartas de uma só vez (e acreditem… isso já dá muito trabalhinho…).

Mas não é isso que me preocupa.

O que me preocupa é que esta mudança na abordagem às instituições implica igualmente uma grande mudança em mim. Se analisarmos bem, vou vender o meu produto, que essencialmente… sou eu! Logo, tenho de confiar em mim! Tenho de saber chegar até quem manda, tenho que ser convincente, apresentar boas ideias, rebater os problemas que levantarem com soluções à altura, transmitir uma imagem segura e confiante!

E esse é o maior desafio de todos!!!

Porque embora hoje confie mais em mim do que confiava há uns anos (ou meses) atrás, ainda não confio o suficiente. Continuo a não me levar muito a sério. Continuo a dar prioridade aos problemas em vez de me focar nas soluções. Continuo a olhar para mim mesma como uma miúda a quem ninguém dá crédito em vez de uma mulher que está a chegar à melhor idade de todas para dar uma reviravolta na sua vida.

E a verdade é mesmo essa: estou numa idade boa para apresentar os meus próprios projectos. Tenho a maturidade que conquistei ao longo destes anos. Mas não vou muito mais longe se não evoluir mais do que isso.

Como passar das palavras para a acção e ter força suficiente para a sustentar no dia-a-dia?

Mas se não tentar sequer, nunca saberei… e como escrevi há uns posts atrás… não interessa o tempo que demoro… desde que chegue lá!

É bem feito... que é para eu aprender! :P

Ah pois é!…

Fui ontem ver o espectáculo do Pedro Tochas (o Palhaço Escultor), no Parque Mayer, ao ar livre, pela módica quantia de 5€ com oferta gratuita de uma chuvada que sim senhor!… Lol.

Bom, mas não é da chuvada que eu quero falar!

Quando me fizeram a proposta para ir ver o Pedro Tochas actuar… honestamente só aceitei pela companhia… por ser uma actividade diferente que envolvia o grupo da rambóia do costume:)

Isto porque pelo Pedro Tochas… Bem, a ideia que eu tinha dele resumia-se aos anúncios da Frize, o que é o mesmo que dizer que não é uma ideia nada abonatória dado que simplesmente NÃO os SUPORTO. PONTO. Portanto, fui para lá a pensar “Bem, estes cinco euros só vão valer a pena por estar com a malta” (embora isso já não seja pouco).

Olhem… enganei-me redondamente!!! Numa só palavra, e roubando a expressão a alguém… Genial!

Muito, muito bom!

Recomendo a quem esteja interessado e queira dar umas boas gargalhadas!

Afinal, como me aconselharam antes do espectáculo… “Não negues uma ciência que à partida desconheces”.

Foi um óptimo conselho! E o espectáculo até valeu mais do que os 5€… Mas vá… tendo em consideração que as condições climatéricas também não foram as melhores, acabou por ser um preço justo:)

Continuo a não gostar dos anúncios da Frize… lol… mas já fiquei com uma ideia bem mais simpática do Pedro Tochas e do seu trabalho.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O que mais custa é começar...

E não saber como vai correr ou terminar.

Tudo acontece por alguma razão, e geralmente só acontece quando estamos preparados para receber a mudança.

Por mais que me queixe do ambiente e do trabalho que tenho agora (nada a ver com Serviço Social), tenho de reconhecer que se hoje sei o que NÃO se deve fazer como profissional, muito o devo ao sítio onde estou. E se, apesar disso e mesmo assim, consegui evoluir positivamente (a pessoa que lá entrou há seis anos atrás não tem nada a ver com a profissional que está lá agora), então é porque, mesmo com maus professores e péssimos incentivos, tenho algo de bom dentro de mim que (em princípio) me tornará boa profissional em qualquer lado.

Não se trata apenas de conhecimentos técnicos… que são essenciais e obviamente imprescindíveis em qualquer função. Trata-se igualmente (ou talvez sobretudo) da postura no trabalho: o rigor, a pontualidade (pois, aqui falho um bocadinho.. lol), a preserverança, a persistência, a frontalidade, a honestidade profissional, o brio com que se trabalha, o saber estar e colaborar em equipa, a lealdade que se tem para com os colegas (sobretudo quando somos todos prejudicados pelos mesmos)… a resiliência.

E o que é a resiliência? É a nossa resistência emocional. Aquela que nos obriga a continuar quando queremos desistir, que não permite que quebremos os nossos valores, que nos mantém unidos em equipa, por mais que envidem esforços para a dividir. Que nos mantém de pé, em vez de nos deixar soçobrar.

Tudo isto… todas estas lições aprendi-as no sítio onde estou agora. Hoje tenho uma maturidade profissional que não tinha há uns anos atrás… e se calhar ainda bem que a ganhei assim, em vez de ter feito primeiro algumas asneiras como assistente social. Estou muito mais consciente e preparada agora do que estava quando acabei o curso e, embora acredite que isso acontece com 99,9% das pessoas (ninguém nasce ensinado e a faculdade nunca ensina tudo)… a verdade é que sempre senti que ainda era demasiado criança para assumir verdadeiras funções de responsabilidade.

Ainda hoje tenho medo delas, aliás… mas já as encaro de uma outra forma. Porque agora sei que começa a chegar a altura de as ter. Não que já não as tivesse e não as cumprisse… nada disso… simplesmente sinto-me mais apta para voos paulatinamente mais altos. É uma vontade que cresce à medida que eu cresço também.

Todas as profissões exigem responsabilidade, sim. No entanto, umas mais do que outras, e ser assistente social não é bem a mesma coisa do que cobrar prestações em atraso. Um erro como assistente social pode custar, em casos extremos, uma vida (quando se permite, por exemplo, que uma criança permaneça num lar onde é maltratada). Um erro a cobrar uma prestação, por mais grave que seja, nunca conseguirá ser tão grave assim.

Quem me conhece, sabe que tenho medo de muita coisa e que vou crescendo muito devagarinho… Às vezes parece que estou a ir bem e depois tropeço, caio, erro, desisto ou suspendo a luta.

Mas vou crescendo sempre… e também me vou convencendo que não interessa ter tudo hoje, no imediato. Interessa que, no fim, se alcance o que nos propusemos conseguir. Podemos demorar mais tempo (dias, meses, anos) do que todos os outros… mas se chegarmos ao destino que queríamos é porque, por alguma razão, tinhamos de demorar mais tempo a consegui-lo.

Sei bem o que quero, a todos os níveis da minha vida. E acredito que, mais tarde ou mais cedo, irei ter. Se não tiver é porque assim tinha de ser.

Para já - pedrinha a pedrinha – vou construindo o meu caminho. Nem sempre vou para o destino que quero, mas nunca fui daquelas pessoas que apanha a auto-estrada para ir directamente de Lisboa ao Porto. Sou mais do género daquelas que vira para o Algarve, vem pelo Alentejo acima, continua pela Beira Interior, faz uns zappings e quando chega a Aveiro desvia completamente para Trás-os-Montes. E se calhar quando já toda a gente está à espera que eu vá parar a Espanha, vou direitinha até ao Porto sem me perder:)


Quem disse que a vida tem de ser completamente linear?

E quem disse que os que arriscam muito pouco e aos bocadinhos, se persistirem nessas pequenas vitórias… não chegam aos mesmos lados de todos os outros? E com o mesmo sabor de vitória?